terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Mefistófeles e Obama no Prêmio Nobel da Paz

     Mefistófeles e Obama no Prêmio Nobel da Paz

Li, nesta quinta-feira, 10 de dezembro de 2009: “Guerra às vezes é necessária para atingir a paz, afirma Obama ao receber Nobel" (http://g1.globo. com/Noticias/ Mundo/0,, MUL1410191- 5602,00-OBAMA+ RECEBE+O+ PREMIO+NOBEL+ DA+PAZ+EM+ CERIMONIA+ NA+NORUEGA. html;“Com discurso defendendo a guerra, Obama recebe Nobel da Paz” (http://www.band. com.br/jornalism o/mundo/conteudo .asp?ID=237404); “Obama defende necessidade da guerra ao receber Nobel da Paz"(http://www1. folha.uol. com.br/folha/ mundo/ult94u6645 35.shtml); “Ao receber Nobel da Paz, Obama defende guerra como instrumento de paz” (http://ultimosegund o.ig.com. br/mundo/ 2009/12/10/ instrumentos+ de+guerra+ desempenham+ papel+na+ paz+diz+obama+ 9230050.html); “Obama recebe Nobel e defende 'guerra justa' pela paz” (http://noticias. br.msn.com/ mundo/artigo- bbc.aspx? cp-documentid= 22835477)

   Durante o seu discurso comemorativo na entrega do Prêmio Nobel da Paz, Obama não deixou dúvidas quanto a sua postura incorporada como presidente dos EUA. A emoção deve ter tomado conta de muitos conservadores, ao lembrarem dos "esforços" para a manutenção da "Paz" mundial: da Nicarágua ao Vietnã, de Hiroshima à Santiago do Chile, da Baia dos Porcos em Cuba ao Iraque e Afeganistão. Mas quem no cenário da política mundial é contrário a paz? Tenho certeza que entre seus adeptos, Hitlera assumia a melhor das intensões.

    Não foi à toa que Fidel escreveu ante a tal pronuciamento, que Obama fez um discurso cínico. Afinal, vivemos ou não num mundo cínico? Quem não sabe das grandes e pequenas manobras de corrupção? Da incoerência entre falas e práticas? Das juras de amor entre traições? O cinismo vive através do hábito, da naturalização, da banalização daquilo que fazemos e criamos.

   O Prêmio Nobel da "Paz" foi jogado nas mãos de Obama com a justificativa de que ele tem boas intenções, baseado naquilo que ele pode fazer. Muitos depositaram suas esperanças na eleição, como tambem aqui no Brasil, em vão. Tanto Obama como Lula assumem cotidianamente interesses marcados pela necessidade da economia, industrial e financeira. Por mais que seus olhos brilhem, as decisões são tomadas para a manuntenção desta economia, que exige toda mais-valia extraida, precarização do trabalho,expropriação de camponeses, desemprego estrutural, processo de miserabilidade, produção destrutiva e muita paz no coração.

A produção que já foi considerada criativa, hoje é destrutiva. A mercadoria é criada para virar pó através do consumo. Assim, o liquidificador que compro hoje deve ser destruído o mais rápido possível quando o uso, para que ano que vem eu compre outro. Temos copos, talheres e até computadores descartáveis. Vivemos destruindo o mundo para recriá-lo, mesmo quando podemos produzir coisas com mais tempo de vida, de durabilidade. O efêmero é a razão da existência sem sentido. A indústria de armas é o ramo mais emblemático dessa história , onde o consumo e a destruição são equivalentes funcionais (MÉSZÁROS, "O desafio e o fardo do tempo histórico", 2007: 88-89).

Gilson Dantas, em seu livro "Estados Unidos, Militarismo e Economia da Destruição", analisa a indústria bélica no contexto da atual crise do capitalismo. Para os estudiosos da crise econômica, a relação entre Armas e Economia explica algumas questões fundamentais para entender o capitalismo, num mundo considerado civilizado, globalizado, religioso, plural e "cientificado" . Até que ponto tudo isso significa algo para superar realmente muitos dos dilemas que assolam a humanidade? Não é novidade que a propagação midiática de que existe o "mal" no mundo, deduz logicamente que o outro lado é o "bem". Se os anarquistas, os comunistas, os mulçumanos ou os pobres são os "bandidos", o outro é o "mocinho", logo aparentemente tão fácil de entender como nas histórias de Pica-Pau e Power-Rangers ou no filme "Tropa de Elite".

Ante aos conhecimentos de segredo de Estado e genocídios, um presidente dos EUA ganha o questionado Prêmio Nobel jda "PAZ" justificando sua guerra. Outravez, as palavras soam cinicamente. Um dos funcionários de Obama, que possivelmente serviu à Coroa Espanhola nos piores tempos de extermínio na América, lhe dava seus últimos conselhos:

"Muito bem, mas não deve preocupar-se demasiadamente com isso, porque onde as idéias faltam, uma lavra pode substituí-las a propósito; com palavras pode-se discutir muito convenientemente, pode-se construir um sistema; as palavras fazem-se acreditar facilmente, sem lhes alterar um só ponto" MEFISTÓFELES. em "Fausto", p. 80.

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