quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O único caminho para longe da catástrofe ecológica é destruir o capitalismo

Infore
“O único caminho para longe da catástrofe ecológica é destruir o capitalismo”*


*Créditos de Carbono*

A COP15, 15ª Conferência das Partes, realizada pela UNFCCC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, de 7 a 18 de dezembro deste ano, em Copenhague, irá apresentar os mercados de créditos de carbono como a solução para as mudanças climáticas, expandindo o capitalismo à mais alta atmosfera. Mercados negociam produtos por lucro, não para preencher as necessidades humanas – menos ainda para “salvar o planeta”. Emissões de carbono deveriam supostamente diminuir, por mérito da negociação de carbono no mercado, mas a sacanagem é que ninguém sabe como valorar eqüitativamente um dólar à uma molécula de carbono. Assim como os mercados financeiros, mercados de carbono são um terreno para fraudes e especulações ferozes, seguidos por um “crack” do acúmulo, tanto financeira quanto ecologicamente.

O problema não é o mercado de créditos de carbono: o problema é o mercado em si.

Mercados existem apenas para comprar e vender, na base do lucro, e diretamente impulsionam a produção de cada vez mais mercadorias. O crescimento impiedoso dessa produção devora o nosso mundo limitado, liberando inevitavelmente mais carbono no processo. O capitalismo inexoravelmente leva à uma crise ecológica global. Se não for a atmosfera, será a extinção dos peixes, o desaparecimento das abelhas, esgotamento do solo; e terras produtivas transformando-se em deserto.

A única maneira de parar uma catástrofe ecológica é a sabotagem da produção capitalista e a comunalização do dia-a-dia. Não há espaço para mentirmos para nós mesmos com sonhos doces de mercados de carbono. Não podemos pagar para sair dessa confusão. Queimar uma revenda de carros em sinal de resistência é mais sustentável ecologicamente que o comércio de carbono. A sustentabilidade real na Cúpula do Clima da COP15 precisa de uma espécie diferente de crédito de carbono.


*Combustíveis Alternativos*

Na aurora da era do capitalismo verde, onde contar partes de carbono por milhão é a nova frivolidade do ambientalismo, combustíveis fósseis ganharam uma má reputação, e com razão. Mas quais são as alternativas apresentadas pelas corporações de energia globais e os governos que fazem suas licitações?


Carvão é relançado como “carvão limpo” e a energia nuclear é empurrada como uma alternativa à energia poluente; uma ironia doentia. A retórica é transparente, mas existem novos truques no estoque. Um dos mais perversos são os biocombustíveis.

A COP15 irá lançar na roda os combustíveis “alternativos”, como aqueles derivados de “biomassa”, de partes de plantas, animais e microorganismos. Porém, esses biocombustíveis são apenas uma outra roupagem para os métodos de recombinação de DNA, dos mesmos biotécnicos que trouxeram a nós as comidas alteradas geneticamente, somente camuflados com a mortalha do verde da natureza. Com a rejeição global aos alimentos transgênicos, um novo mercado é necessário para décadas de um investimento falido. O capitalismo verde é esse novo mercado. O lançamento dos organismos transgênicos do ambientalismo global agrada mais ao paladar, pois biocombustíveis não serão ingeridos por seres humanos – afinal de contas, nada deve ficar no caminho de “parar as mudanças climáticas”. Como se ecossistemas fossem receptivos a comandos e controles.


As especulações de mercado, associadas ao cultivo de biocombustíveis já causaram saltos devastadores nos preços de alimentos, resultando em manifestações ao redor do mundo. Economistas e financistas estão inventando idéias no sentido de trocar a produção de alimentos para combustíveis em terras ainda cultiváveis ao sul do globo, aprofundando o deslocamento das pessoas para o pesadelo neoliberal. Pessoas têm fome, não porque não há comida suficiente, mas porque o mercado está evitando que elas se alimentem.


Não existem combustíveis alternativos sob o capitalismo. Redes locais e descentralizadas de produção de energia autônomas nunca serão compatíveis com os sistemas existentes de distribuição de combustíveis líquidos – sejam biocombustíveis ou fósseis. A única alternativa e o único caminho para longe da catástrofe ecológica é destruir o capitalismo e sua solução falsa: a Cúpula do Clima da COP15.

*Energia Sustentável*

A idéia da COP15 de energia sustentável simplesmente não funciona. Qualquer um com uma calculadora pode determinar que manter o padrão de vida de um indivíduo burguês, e querer propiciar o mesmo padrão para o resto do mundo é matematicamente impossível.

Eólica, geotérmicas, energia das ondas, etc., etc... Essas energias sustentáveis, mesmo que exploradas ao máximo através das expansõespropostas, não conseguem cobrir nem mesmo um terço do consumo atual. Construir essas estruturas em uma escala global demandaria um gasto enorme de combustível fóssil e de recursos naturais raros. Qualquer mudança aceitável para a “energia sustentável” implicaria em projetos loucos como fazendas solares massivas nos desertos, ou recomeçar a energia nuclear. Nos disseram que é  o ou continuar usando combustíveis fósseis. Não, obrigado; rejeitamos ambas as opções.

A fala dos novos tratados verdes, e de fazer o consumo individual mais eficiente, afasta uma questão central: há algo sustentável em um sistema econômico baseado num crescimento canceroso, dependente de transporte ilimitado e produção de energia centralizada, ou em suas soluções tecnológicas desesperadas para se salvar?

Quando o maior investimento em “energia sustentável” vem das maiores companhias petrolíferas sem interesse em descentralizar a produção energética, a neblina de CO2 à nossa frente desaparece.

Não precisamos de um climatologista para nos dizer para onde o vento sopra. Mais do que energia sustentável, é preciso sustentar o mundo. O necessário hoje é energia revolucionária. Não uma revolução tecnológica, mas social para um planeta, que tornaria desnecessária toda a fé cega em dispositivos industriais.


Poder ao povo!


Vídeo "*War On Capitalism"*:

Tradução > Filipe Ferrar


*agência de notícias anarquistas-ana***

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